Felizmente há sempre seguranças e polícia nos festivais. Não sabia se tinha sido eu ou outra pessoa que os alertara com sucesso, mas isso não importava. O que importava é que o João estava bem. Se lhe tivesse acontecido alguma coisa por causa do Francisco, por minha causa… não me iria conseguir perdoar.
-Há um posto de primeiros socorros. Queres ir até lá? Acho que sei onde é.
O João baixou a cabeça e suspirou.
-Quero é ir para casa.
-Ok… posso levar-te.
Da maneira que ele tinha caído, de certeza que tinha dado um jeito às costas. Ele precisava de recuperar e descansar. E eu precisava de me sentir bem de alguma maneira, de eliminar este sentimento de culpa que me assombrava.
-Obrigado, mas não é preciso.
-Tens a certeza?
-Tenho.
- Ao menos queres que vá buscar um saco de gelo?
-Teresa, a sério. Não é preciso.
Ele levantou-se e retirou o telemóvel do bolso, após alguns toques, alguém atendeu a chamada.
-Carlos, podes vir até à zona dos cachorros quentes? -uma pausa - Estás ocupado? Com a Carolina? Melhor, venham os dois.
Levantei-me também e sacudi as calças. Duas nódoas verdes manchavam a zona dos joelhos.
Ótimo… se calhar também devia voltar para casa. Este dia é só uma coisa a seguir à outra.
Ali, os dois, especados nas traseiras da carrinha dos cachorros quentes, nenhum de nós falou. Mordisquei o lábio e pontapeei umas pedrinhas vizinhas aos meus pés. O João devia estar furioso. E qualquer possibilidade em termos algo, provavelmente terminara hoje. Ninguém queria namorar com uma rapariga cujo brutamontes do ex a perseguia e fazia questão de dar uma sova a todos os rapazes que se aproximavam dela.
-Meu, andaste à sova com o Francisco?!
A voz excitada de Carlos despertou-me dos meus pensamentos. Atrás de si, estava a Carolina, a respirar aceleradamente.
-As notícias correm rápido.
-Já estava a vir para aqui quando ligaste. O Zeca viu parte da cena e contou-me, vim logo a correr. Dar-te uma ajuda.
- Para a próxima corre mais depressa.
Riram-se os dois, mas eu não achei piada nenhuma.
-Bem, agora que já tens companhia, vou-me embora.
O sorriso de João não alcançou os seus olhos, tristes e cansados. Queria perguntar-lhe se ia à festa hoje à noite, mas depois de tudo o que aconteceu era uma pergunta estúpida e insensível.
-Não vens hoje à noite?
Mas é para perguntas dessas que temos o Carlos…
-Não. Bebe por mim.
Os dois chocaram os punhos.
-Sempre. Ainda bem que não vens então, mais babes para mim.
Com um breve aceno, o João deu as costas e partiu.
∞
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Esta short story não é representativa do contéudo, temas e estilo de prosa do livro "Até Amanhã".
Copyright © 2023 Susana Paixão Rodrigues
Todos os direitos estão reservados e protegidos por lei. Nenhuma parte desta história e texto "João e Teresa, como tudo começou... (Parte I)",poderá ser reproduzida ou transmitida sob qualquer formato ou plataforma, em excepção de autorização prévia escrita e assinada por Susana Paixão Rodrigues.
Ai Teresa...
Tão curto ... :( à espera do próximo