Mal vi o João levantar-se prendeu-se-me a respiração, caminhava na minha direção, sorridente e confiante. Sentara-se tão perto de mim que a cada inspiração sentia a fragrância da sua água de colónia.
-Então, não sabes a resposta? Queres que te ajude?
A sua voz soava perigosamente sedutora e o meu corpo estremeceu a cada palavra.
-Porque… queres… porque… gostas…
Queria bater em mim mesma, parecia uma parva, nem conseguia falar.
-Então, continua. Estou à espera.
João!!! Afinal és este tipo de pessoa! Sádico!
Estava com tanto calor que até as orelhas “ferviam”, e, sem me aperceber, o João tinha deslizado para ainda mais próximo de mim. O seu antebraço e coxa colados aos meus. Se já estava com dificuldades em formar uma frase há alguns minutos, agora era-me impossível.
-Vá, eu sou simpático…. Por isso vou ajudar-te.
Pousou o seu queixo no meu ombro e senti como que um choque a percorrer-me de alto abaixo.
-Porque te quero Teresa… não consigo parar de pensar em ti dia e noite. Se não te posso ter, acho que fico louco.
O meu coração começou a bater a mil. Apertei as minhas mãos uma na outra, o suor abundava nestas escorregadias e quentes.
-Eu… eu também sinto o mesmo…
Mal respondi, riu-se baixinho, a vibração do seu riso reverberando contra o meu corpo sentia-se tão bem que quase lhe pedi para se rir outra vez.
Retirou o queixo do meu ombro e pousou uma das mãos nas minhas e, a outra, pousou levemente no meu queixo, gentilmente virando a minha cara na sua direção.
-Teresa. Eu quero que leves isto a sério. Se começarmos a namorar é para ficarmos juntos o resto da nossa vida. Para mim, és a única mulher que quero ao meu lado, até ao resto dos meus dias.
Mas que declaração! Mais parece uma proposta de casamento!!
O que ele disse foi como um abanão e toda a tensão e nervosismo que retinha no meu corpo desvaneceram. A sua expressão calma mostrava que estava a ser sincero.
-Não devias dizer isso… nós não nos conhecemos assim tão bem para saber se queremos passar o resto da vida juntos. Devíamos levar as coisas um passo de cada vez.
-Não. Eu sei perfeitamente o que quero, sempre soube. Quando quero algo nada me faz mudar de ideias. -retirou a mão da minha face - Teresa. Eu nunca te vou fazer o que o Francisco te fez. E prometo-te, aqui e agora, que vais ser sempre a primeira e a única no meu coração.
Sentia-me confusa…e dividida. Por um lado, as suas declarações eram excitantes e todo o meu ser vibrava de entusiasmo. Por outro, a ideia de ele quebrar a sua promessa ou de eu nunca gostar tanto dele como ele parecia gostar de mim assustava-me.
-Ok… então e se começarmos a namorar… e tu fores sempre fiel, como pessoa e nas tuas promessas. Mas eu… quiser deixar-te?
Afinal, depois do que aconteceu com o Francisco, prometi a mim mesma que jamais ficaria presa a alguém que não me respeitasse a mim e às minhas prioridades. Ainda havia tanta coisa que queria fazer, viajar pelo mundo e estagiar noutros países… até que ponto é que uma relação iniciada agora sobreviveria a tudo isso?
-Eu não te pedi para mudares ou pensares como eu. Não estou apaixonado por mim mesmo, mas por ti e pela pessoa que és. Se quiseres partir, então parte. Vive livre Teresa.
Apaixonado?! Estás a dar cabo de mim João!!
-Ok… não te esqueças do que disseste…
Segurei na sua mão e, reparei, que como a minha estava quente e suada… isso fez-me sorrir.
Mal podia acreditar nas coisas que estava a balbuciar. Não era minha intenção fazer uma grande declaração de amor aqui, queria ter sido breve e, bem, confiante. Mas as palavras saíam de mim sem entraves. Julgava ser alguém mais racional, do que emocional. Parecia estar errado acerca de mim mesmo.
Não sei como é que ela ainda não fugiu.
Quando a Teresa segurou na minha mão, percebi… percebi porque disse tudo aquilo.
Nunca mais quero largar a mão dela.
Inclinei-me para a frente, os meus lábios meros centímetros dos dela.
-Posso…beijar-te?
Mas em vez de me responder, beijou-me ela. Os seus lábios como veludo pressionaram-se contra os meus e senti borboletas no estômago. A cada beijo, sentia-me a derreter nela, deixando-me a desejar mais. Queria senti-la ainda mais intensamente. Agarrei na sua nuca com uma das minhas mãos, e na sua anca com a outra, puxando-a para mais perto, aprofundando ainda mais os nossos beijos.
Por mim, pararia este momento para sempre e ficaria aqui, esquecendo o mundo e tudo o resto.
A Teresa afastou-se, inspirando por ar e encostou a sua testa na minha.
-Agora é oficial, suponho.
Sorri às suas palavras e beijei a sua testa.
A partir de agora, faria de tudo para mantê-la, abrir mão dela era impensável. Seria o melhor homem que posso ser e dar-lhe-ia tudo o que ela merece.
Enlacei as minhas mãos nas dela e beija-a mais uma vez, brevemente.
-Sim… estás encalhada comigo.
Hoje, amanhã e todos os dias a seguir…
∞
Finalmente, a mini história "João e Teresa, como tudo começou..." chegou ao fim.
A mini história permanecerá no site, por isso podes voltar a lê-la sempre e quando quiseres.
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Copyright © 2023 Susana Paixão Rodrigues
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Gostei muito
Gostei muito... Mas sinto-me dividida porque já li o livro... Não vou dizer nada para não fazer spoiler, mas que já leu o livro percebo o que estou a dizer...
Estou apaixonada pelo João e agora chamo-me Teresaaaa! Ainda não li o livro, mas depois de ler esta história tenho de comprá-lo já!!
Foi muito interessante ler um pouco mais da história da Teresa e do João. É uma pena esta mini história ter acabado, estava a gostar da ideia de ir lendo por partes um bocadinho mais da história